Stonewall Inn e homofobia

Publicado por: redação
08/07/2014 02:57 AM
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*Breno Rosostolato

No último dia 28 de Junho se comemorou o Dia do Orgulho LGBT, data importante que marca os direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais. Houve comemorações em Londres que contou com a participação de aproximadamente 30 mil pessoas em uma grande festa de rua. O tema este ano foi #freedomto (#liberdadepara). Houve ainda comemorações em Cingapura, Cidade do México, Nova Iorque, Japão, Paris e em Toronto no Canadá. Todas as cidades sediaram a Parada Gay. Aqui no Brasil, a praia de Copacabana no Rio de janeiro, foi palco de manifestações pela desmilitarização da Polícia Militar, o apoio dos trabalhadores em greve e críticas à Copa do Mundo. A principal reivindicação foram os direitos para a população LGBT.

Foi na noite do dia 28 de Junho de 1969, que ficou conhecido a Revolta de Stowall. O bar, Stonewall Inn, localizado na Christopher Street, em Nova York, nos Estados Unidos, frequentado por gays, lésbicas, bissexuais e trans, se tornou cenário de uma série de episódios violentos entre policias e seus frequentadores.

Tudo começou quando diversos gays foram retirados do local violentamente e as transsexuais que estavam presentes foram presas de maneira arbitrária. Todos os outros foram retirados do local, restando apenas uma mulher que resistiu e permaneceu no local. Os policiais, com truculência, a tiraram de dentro do bar e as 200 pessoas que estavam do lado de fora começaram a gritar “violência policial”. Começam então atirar garrafas, copos, pedras e moedas contra os policiais que foram cercados. A briga tomou proporções gigantescas e se estenderam até às ruas vizinhas ao bar. É atribuído a este acontecimento o precursor dos movimentos gays e de liberação sexual que viriam a seguir.

A homofobia é um termo que designa aversão à homossexualidade, mas suas implicações são muito mais complexas. Não existem assassinatos à heterossexuais por causa de sua orientação sexual, mas matam homossexuais por esse motivo, simplesmente por assumirem tal condição. O crime de ódio não é contra uma pessoa, mas contra todo um grupo de pessoas. Assim é a homofonia.

Antigamente existia o “Concílio de Nablus” que, em 1120, estabelecia que os adultos sodomitas, classificação à homossexualidade na época, seriam queimados. Esses atos selvagens denunciam mentalidade deturpada e retrógrada, preconceitos e discriminações doentias, sustentadas por um sistema patriarcal, que define o que é masculinidade e feminilidade. Esta mentalidade vem perdendo força, pois existe uma reconfiguração entre os gêneros, o que implica diretamente uma mudança de postura e comportamentos entre homens e mulheres. O homem e a mulher autônomos não vivem mais atrelados aos conceitos ortodoxos. A mulher é feminina, singela, delicada, sensual, mas também é forte, líder, tem iniciativa, coordena. Não se limita a carregar os atributos ligados ao gênero feminino. O mesmo acontece com os homens. Estão mais sensíveis, mantêm contato com seus sentimentos, estão mais frágeis, são pais participativos na vida de seus filhos, estão se cuidando mais, sem desqualificar suas características masculinas.

A psicanalista Regina Navarro Lins ressalta alguns alicerces do preconceito à homossexualidade. De acordo com ela, para algumas pessoas, a homossexualidade estaria em ascensão e deve ser interrompida para não comprometer a unidade familiar e a estrutura da sociedade. A diminuição do papel do homem na sociedade seria outro fator. A razão que considero mais significativa está relacionada à sensação de temor em ser “contaminado”, ou seja, sentimentos reprimidos que podem aflorar. Esta ideia reforça a frágil heterossexualidade de muitas pessoas. Uma maneira de não reconhecer partes de si.

 

* Breno Rosostolato é psicólogo e professor da Faculdade Santa Marcelina – FASM.

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