FMI: demanda doméstica tem impulsionado retomada do crescimento na América Latina

Publicado por: redação
15/05/2018 11:43 PM
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O crescimento na América Latina e no Caribe está sendo retomado, graças à demanda doméstica mais forte. O ambiente global mais favorável também ajudou ao recuperar o preço das matérias-primas. Mas para garantir um crescimento mais durável com benefícios disseminados, a região precisa investir mais em setores-chave, como infraestrutura e educação, para impulsionar a produtividade no longo prazo, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) em relatório publicado na sexta-feira (11).

O documento "Regional Economic Outlook" estima que o crescimento da região deve ficar em 1,3% em 2017 e em 2% em 2018. Para o ano que vem, a expectativa é de avanço de 2,8%.

Após a recuperação do consumo privado em 2017, o investimento privado deve subir e se tornar o principal impulsionador da atividade econômica, depois de três anos de contração.

Apesar da retomada, os níveis de investimento devem permanecer abaixo dos vistos em outras regiões, limitando o potencial de crescimento latino-americano e caribenho, de acordo com o relatório.

A região enfrenta muitos desafios. De acordo com o relatório, fatores não econômicos que podem prejudicar a recuperação econômica recente incluem incerteza política devido às eleições em diversos países, tensões geopolíticas e eventos climáticos extremos.

O aumento dos riscos econômicos externos — notadamente, uma mudança em direção a políticas mais protecionistas e um aperto súbito das condições financeiras globais — também poderia pesar sobre as perspectivas de crescimento.

Olhando para o futuro, as perspectivas de crescimento de longo prazo para a América Latina e o Caribe permanecem moderadas, sugerindo que há dificuldades para que os níveis de renda nesses países alcancem os das economias avançadas.

Apesar dos avanços recentes na redução da pobreza e da desigualdade, a América Latina e o Caribe continua sendo a região mais desigual do mundo. Em resposta a esses desafios e para garantir um crescimento duradouro que beneficie a todos, os formuladores de políticas da região precisarão implementar reformas e políticas fundamentais que se concentrem em colocar a dívida pública em uma trajetória sustentável, com especial atenção para a qualidade do ajuste, disse o FMI.

O organismo internacional também sugere melhorar a comunicação e a transparência dos bancos centrais em relação a choques futuros; investir mais em pessoas por meio de gastos mais eficientes em educação; melhorar infraestrutura, que também impulsionaria outros investimentos na região.

O FMI menciona também a necessidade de combater a corrupção ao melhorar a governança e o ambiente de negócios; abrir mais os países para o comércio internacional e o mercado financeiro, o que pode ser visto como um passo rumo a uma maior integração global; entre outros pontos.

O crescimento na América do Sul está sendo impulsionado pelo fim da recessão em Argentina, Brasil e Equador; por preços mais elevados das matérias-primas; e por uma moderação do avanço da inflação, que deu espaço para afrouxamento monetário.

No curto prazo, México, América Central e partes do Caribe irão se beneficiar do crescimento mais forte dos Estados Unidos. No entanto, potenciais implicações da reforma tributária norte-americana e renegociações em andamento do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA, na sigla em inglês) também estão criando incertezas para a região.

Na Argentina, a atual previsão é de um crescimento real de 2% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2018. Mesmo que indicadores de alta frequência indiquem que a atividade econômica permaneceu robusta no início de 2018, a severa seca que atingiu o país terá impacto negativo na produção agrícola e nas exportações. A expectativa é de que no ano que vem o impacto negativo da seca seja revertido, ainda de acordo com o FMI.

No Brasil, o PIB deve crescer 2,3% em 2018, graças a condições externas favoráveis e à retomada do consumo privado e do investimento. A melhora da atividade levará a uma deterioração moderada da conta-corrente. Um risco central, no entanto, é que a agenda política possa mudar após as eleições presidenciais de outubro, elevando a volatilidade dos mercados e a incerteza sobre o cenário no médio prazo, disse o FMI.

Clique aqui para acessar o relatório (em inglês).

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