BACEN: Stand Up financeiro?

Publicado por: redação
01/12/2010 09:37 AM
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BACEN: Stand Up financeiro?

Por força de circular o Banco Central decidiu estabelecer um percentual mínimo para pagamento das faturas de cartões de crédito: 15%, a partir de junho de 2011 e 20%, a partir de dezembro do mesmo ano. Segundo justificativas, a medida é para ajudar a população a reduzir o nível de endividamento. “Kkkkk”. Perdoe-me o neologismo, mas não consegui encontrar definição melhor para me expressar.

Elevar o valor mínimo do cartão de crédito não vai ajudar em nada a população. Muito pelo contrário, isso vai enforcá-la ainda mais. Basta dizer que nenhum banco – muito menos a Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) – se manifestou contrariamente a decisão.

Analisando friamente, talvez a medida até seja comemorada pelas instituições financeiras. Pois, o consumidor que não tiver recursos para pagar o novo teto, fatalmente atrasará o pagamento da fatura. O que implicará, consequentemente, numa frequência maior da abusiva multa de 2% sobre o valor total do saldo devedor.

E não é só isso! O perfil do consumidor que rola dívida no cartão é o do cidadão que não tem fácil acesso ao crédito. O empréstimo na financeira e, o cheque especial para quem tiver, serão as únicas válvulas de escape para complementar a diferença.

Não duvido das intenções do governo. Mas, a circular 32.512 do BACEN está longe de ser uma medida comemorada pela população. A elevação do pagamento mínimo comprometerá ainda mais o orçamento das pessoas. Se o objetivo era reduzir o endividamento, o BACEN está na contramão do processo.

Existem mecanismos eficientes e muito mais simples que resolveriam o problema. Mas, para adotá-los, precisaríamos de um Capitão Botelho – capitão do BOPE no RJ – para comandar o Banco Central. Não basta apenas conhecimento técnico, é preciso ter alguém de coragem para fazer aquilo que deve ser feito.

Portanto, sem mais delongas, apresento 03 simples propostas de solução. Primeira: estabelecer um teto máximo para a cobrança de juros – assim como foi feito no crédito consignado. Segunda: acabar definitivamente com a multa de 2% sobre pagamento por atraso. A última: extinguir as anuidades dos cartões de crédito.

Destaco que estas não são medidas irresponsáveis. Irresponsabilidade talvez seja não adotá-las. Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças – ANEFAC –, no mês de outubro de 2010, a média de juros do cartão de crédito ficou em 238,30% a.a. – Neste caso, não vou nem substantivar o que penso.

O BACEN deveria ter ficado em silencio. Mexer no percentual de pagamento dos cartões de crédito para reduzir o endividamento é o mesmo que diminuir o salário da população para evitar que ela gaste mais. Pode até funcionar, mas com certeza, os efeitos colaterais serão terríveis.

socorro@doutorgrana.com.br

Fonte:
*Wenderson Wanzeller é atuário, consultor de crédito e cobrança, comentarista econômico da Rede Canção Nova e atua no mercado financeiro há mais de 15 anos.

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