ABOCANHOU 219 MILHÕES - JBS: Italiano abocanha 219 milhões do BNDES por 3 anos sem juros

Publicado por: redação
10/03/2011 07:15 AM
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JBS: ITALIANO PEGA 219 MILHÕES DO BNDES POR 3 ANOS SEM JUROS

Nacir Sales[i]

“A Gente sabe que, no balanço, todo mundo escreve o que quer.”*

*Declaração de executivo do JBS ao ESTADÃO

(ainda sem comentário oficial da CVM, da BDO, sem comentário…)

O JBS conta com um fator que lhe favorece: o elástico.

O elástico é um material que, todos sabemos, estica muito. A capacidade de crença da sociedade brasileira também. A fé do Brasil na versão oficial da história é muito grande: acreditamos em explicações de qualquer espécie, mesmo aquelas que quando explicam... complicam.

O JBS comprou 50% da Inalca: sabemos.

Com que dinheiro? Do BNDES sabemos.

E de onde vem o dinheiro do BNDES? Do Tesouro Nacional (do Brasil, não da Itália).

E de onde vem o dinheiro do Tesouro Nacional? Do seu bolso: do dinheiro que entrou e saiu e daquele que foi impedido de entrar no seu caixa.

E para onde foi o dinheiro do Tesouro Nacional? Para o BNDES, daí para o JBS de onde foi expatriado (via Banco Central do Brasil) para a Itália.

E na Itália ficou, 219 milhões (de dólares, de euros ou de reais, não sei: você sabe?) por quase 3 anos: o dinheiro do Tesouro Nacional a serviço do interesse nacional ou pessoal (ainda tem quem debate, pois, como disse a crença do brasileiro é elástica e oferece o benefício da dúvida até para o Labo Mau que, como sabemos, é mau).

Durante este tempo todo, uma briga entre o JBS e os CREMONINI foi a explicação oficial a explicar o que o dinheiro, que antes estava no Tesouro Nacional, estava fazendo na Itália.

Durante os quase 3 anos de expatriação desta montanha de dinheiro, o maior contribuinte da campanha eleitoral presidencial de 2010, deu inúmeras explicações e o Brasil acreditou em todas.

Um dia pensei comigo: “a casa caiu”. Foi quando, em agosto de 2010, um dos Irmãos JBS declarou ao Valor Econômico: "Queremos acabar com essa novela”.  Eu tinha passado o dia lendo Dom Quijote em espanhol, talvez estivesse pensando como um não brasileiro, assim minha crença elástica em tudo ficou prejudicada e levei a declaração ao pé da letra: “Caramba, o cara reconhece que é uma novela?” Acho que foi quando decidi comprar ações do JBS: uma empresa onde o presidente fala a verdade merece a minha confiança. Depois fiquei menos elástico ainda: foi quando – na sequência, em 01/12/2010 – um diretor da área internacional do JBS declarou ao João Grando da Exame que “São cenas de uma tragicomédia italiana”. Pensei comigo, o diretor do JBS é um italiano, adverte a nós brasileiros que são cenas de uma tragicomédia... o Presidente do JBS avisa que é uma novela... esta história de conflito com os CREMONINI que resultará no pagamento de uma multa (remessa de uma montanha de milhões e milhões de dinheiro brasileiro para a Itália, entregue ante a um italiano com o carimbo de um tribunal italiano...) é uma novela, uma ópera, um teatro! A casa caiu: estão nos confessando... Mas, tão rápido quanto ameacei concluir que se tratava de uma confissão pública de um conflito judicial escrito em um roteiro, um teatro, rápido voltei ao meu contexto mental brasileiro, elástico e crente: a matéria assinada pelo João Grando na Exame não deixava dúvidas “Faltou a JBS combinar com os gringos.” Ainda bem: não se tratava de um teatro,  não se tratava de uma simulação para remeter legalmente recursos brasileiros para cofres estrangeiros.

Uma Verdade Panamericana

Agora, passado este susto, recebo a notícia de que o problema foi resolvido: quase 3 anos depois o JBS recebe cada centavo dos duzentos e tantos milhões que remeteu para a Itália, tudo devidamente devolvido... 3 anos depois... sem juros!

Tudo bem que em certa medida o dinheiro que foi e voltará sem juros seja de uma empresa também do BNDES... tudo bem afinal o BNDES é um banco social e a Itália é um Estado Nacional.

Só me preocupou um pouco o que disse o JBS ao jornalista Fernando Scheller, publicado em O Estado de S.Paulo, ao explicar o fim do negócio na INALCA:

“A gente sabe que, no balanço, todo mundo escreve o que quer.”

Ah é? Ainda bem que esse pessoal só fala e escreve a verdade.

Correta a CVM de não exigir esclarecimentos, afinal esclarecer o que? É tudo verdade! Uma verdade Panamericana.

[1] Nacir Sales é advogado, escritor de 27 livros e prepara o lançamento de seu novo livro JBNDES: ainda não proibido

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