Histeria Masculina

Publicado por: redação
14/07/2009 05:15 AM
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HISTERIA MASCULINA

Por: Soraya Moradillo Pinto
Juíza de Direito da 4ª Vara Crime de Salvador/Ba, Doutoranda em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidad del Museo Social Argentino /Argentina, autora do livro Infiltração Policial nas Organizações Criminosas, pós-graduada em Direito Penal e Processual Penal pela UES/RJ, pós graduada em Ciências Criminais pela UNAMA/AM, , Acadêmica de Psicologia da Faculdade Ruy Barbosa da Cidade de Salvador/Ba

RESUMO

A histeria vem sendo pesquisada ao longo do tempo e na antiguidade a sua causa era atribuída a uma alteração ulterina. O quadro normalmente era associado à conjunção com o demônio e muitas pessoas foram levadas à fogueira por causa de tal diagnóstico. A suposta doença, despertou o interesse de Jean Martin Charcot que passou a estudá-la  e demonstrou que idéias mórbidas podiam produzir manifestações físicas, o mesmo ocorrendo com Sigmund Freud que a diagnosticou de forma mais detalhada que Charcot, dando origem a psicanálise.
Freud e Lacan estudaram a histeria masculina, através dos casos de Cristobal Haizmann e Dostoievisk. O primeiro um pintor que havia feito um pacto com o demônio para que fosse o seu pai por 09 anos, o que Freud identificou como uma revolta de Haizmann contra a castração, que implica na posição feminina e encontra expressão na fantasia inversa de castrar o pai, projetando nele sua própria feminilidade. O segundo, escritor, filho de um médico morto em um assassinato brutal pelos seus arrendatários e que desde pequeno padecia de transtornos nervosos, sendo o mais destacado o temor da morte passando a ter ataques de epilepsia após a morte do seu genitor, o que Freud interpreta como um auto castigo pelo desejo da morte do pai odiado.
Segundo Harry Sullivan os histéricos mostram uma instabilidade emocional muito grande, mas são pessoas, muitas vezes, altamente inteligentes, extravagantes e competitivas.
Sabemos hoje que a histeria é uma psiconeurose, cujos conflitos emocionais inconscientes surgem na forma de uma severa dissociação mental, ou como sintomas físicos; tais como: dormência/paralisia de membro, perda de voz ou gagueira, podendo assim se falar em histeria masculina, por apresentar o homem os mesmos sintomas que apresentam as mulheres e que muitas vezes se somam a outros atípicos.

ABSTRACT
It would histeria it comes being searched throughout the time and in the antiquity its cause was attributed to a ulterina alteration. The picture normally was associated to the conjunction with the demon and many people had been taken to the fogueira because of such diagnosis. The supposed illness, despertou the interest of Jean Martin Charcot who started to study it and demonstrated the same that mórbidas ideas could produce manifestations physical, occurring with Sigmund Freud that more diagnosised it of detailed form than Charcot, giving origin the psychoanalysis.
Freud and Lacan studied the male hysteria, through the cases of Cristobal Haizmann and Dostoievisk. The first one painter who had made a pact with the devil to be her father for 09 years, which Freud identified as a revolt against Haizmann of castration, which involves women in position and finds expression in fantasy inverse of castrating the father. Projecting it their own femininity. The second, writer, son of a doctor killed in a brutal murder by his tenants and that since small vitiated of nervous disorders, the most prominent being the fear of death going to have attacks of epilepsy after the death of his father, which Freud interprets as  a self punishment by the desire of the death of the father hated.
According to Harry Sullivan hysterical show a very strong emotional instability, but people are often highly intelligent, extravagant and competitive.
We now know that the hysteria is a psiconeurose, whose unconscious emotional conflicts arise as a severe mental dissociation, or as physical symptoms, such as numbness / member of paralysis, loss of speech or stuttering and can therefore talk about a male hysteria, to present the man the same symptoms that present women and often added to other atypical.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho, objetiva a produção de um artigo científico no qual se busca demonstrar que a histeria é uma neurose  de transferência que tem origem na infância e que acomete homens e mulheres se manifestando em forma de ansiedades e traumas, apresentando quadro clínicos variados, sendo considerada como uma doença psíquica bem definida e que, portanto exige uma etiologia específica.

1.  HISTERIAAntigamente, acreditava-se que, devido ao descaso do por parte do parceiro ou por fatalidade do destino, o útero deslocar-se-ia no interior do corpo da mulher, afetando o funcionamento, afetando o funcionamento de outros órgãos. Por isso o nome “histeria”, derivado do grego “hister”, que quer dizer útero.

Uma abordagem adequada e de melhor compreensão da doença, tiveram início com os trabalhos do neurologista francês Jean Martin Charcot e da escola de Salpêtrière, inspirada por ele. “Até essa época, a histeria tinha sido a bête noire da medicina. Os pobres histéricos, que em séculos anteriores tinham sido lançados à fogueira ou exorcizados, em épocas recentes e esclarecidas, estavam sujeitos à maldição do ridículo; seu estado era tido como indigno de observação clínica, como se fosse simulação e exagero” (Freud 1890).

A histeria foi a principal doença investigada por Freud e que deu origem à Psicanálise. Hoje, já se sabe, que a histeria é uma psiconeurose, cujos conflitos emocionais inconscientes surgem na forma de uma severa dissociação mental, ou como sintomas físicos; tais como: dormência/paralisia de membro, perda de voz ou gagueira, podendo se falar em histeria masculina, por apresentar o homem os mesmos sintomas. Entretanto o homem histriônico costuma apresentar quadros atípicos de histeria tais como: preocupações com doenças cardíacas, vertigens e dores pelo corpo, além da preocupação com a aparência, modo de vestir e falar, costumando ser ainda tão sedutor quanto a mulher histriônica.

Uma abordagem adequada e de melhor compreensão da doença, tiveram início com os trabalhos do neurologista francês Jean Martin Charcot e da escola de Salpêtrière, inspirada por ele. “Até essa época, a histeria tinha sido a bête noire da medicina. Os pobres histéricos, que em séculos anteriores tinham sido lançados à fogueira ou exorcizados, em épocas recentes e esclarecidas, estavam sujeitos à maldição do ridículo; seu estado era tido como indigno de observação clínica, como se fosse simulação e exagero” (Freud 1890).

Charcot sustenta com firmeza a opinião de que a “histeria” é um quadro clínico nitidamente circunscrito e bem definido e que pode ser reconhecido com bastante clareza nos casos extremos daquilo que se conhece como “grande hystérie”. Freud, entretanto, entende que “a histeria é mais que uma doença circunscrita, pois representa uma anomalia constitucional” (Freud 1890).

Sabe-se que nos homens a existência de um evento traumático para o desencadeamento da crise é essencial e que  os primeiros sinais, provavelmente aparecem na adolescência.

2. FREUD E A HISTERIA MASCULINAO encontro de Freud com a histeria masculina teve lugar em Paris, em outubro de 1885, onde se encontrava para ouvir os ensinamentos de Charcot. Um ano mais tarde, em Viena, expôs na Sociedade de Medicina, a concepção da histeria masculina que havia aprendido do professor de Salpétrière. Seu primeiro trabalho clínico consistia no caso de Augusto P, que classificou de histeria traumática. A histeria masculina foi uma pergunta clássica da clínica freudiana. Graças a Charcot, Freud deu os seus primeiros passos na investigação da histeria. Charcot abordou a histeria essencialmente como clínico e Freud lhe rendeu homenagens reiteradamente por ter constituído a histeria em tipo clínico, onde diversas formas sintomáticas se podiam ordenar de forma objetiva.
Charcot  elaborou a concepção do traumatismo para a explicação da histeria que denomina “viril”. Segundo ele o traumatismo, choque local, produz um processo fisiológico de paralisia provisória, que leva o sujeito acometido a idéia de impotência motriz, que resulta por auto sugestão a formação de um sintoma histérico de paralisia.
Freud, entretanto, vários anos mais tarde, considera que o efeito patogênico do traumatismo não está ligado a um estado fisiológico particular e assim, se separa irreversivelmente de Charcot para fundar o psicanalítico no conceito de repressão e, a partir da cura de mulheres histéricas, Freud remodela a teoria do traumatismo para esboçar uma teoria do fantasma.
Somente com a 1ª guerra mundial retomou o exame dos efeitos patogênicos do traumatismo e concluiu que a repressão que está na base de toda neurose é uma reação ao traumatismo, como uma neurose traumática elementar, esboçando assim, uma aproximação entre histeria e neurose traumática, assinalando que assim como a histéricas sofrem de reminiscências a neurose traumática está fixada psiquicamente a seu traumatismo. Posteriormente Freud (1856-1939), em colaboração com Breuer, começou a pesquisar os mecanismos psíquicos da histeria e postulou em sua teoria que essa neurose era causada por lembranças reprimidas, de grande intensidade emocional e que a sua cura somente acontece quando o paciente através da associação livre, chega a uma cena traumática causadora do sintoma, sendo fundamental esclarecer que  a cena pode ter sido uma criação do paciente , a partir de desejos proibidos.

3. O PRIMEIRO CASO EXAMINADO DE HISTERIA MASCULINAO primeiro caso é examinado no artigo “Uma Neurose demoníaca no século XVII”, aparecido em 1923. Freud se apóia em um conjunto de documentos que relatam e afirmam um pacto entre o pintor Cristobal Haizmann e o diabo logo após a morte de seu pai. Nele, o diabo se compromete a substituir esse pai morto por nove anos, ao final dos quais Haizmann se tornaria, em corpo e alma, propriedade do diabo. È uma crise de melancolia consecutiva à morte do pai seguida por uma inibição para o trabalho que, segundo Freud, motiva o pacto através do qual Haizmann recuperaria o que perdera.

A tese de Freud é a de que o diabo é o substituto do pai, com o evidente paradoxo entre o que, no pacto, é, ao mesmo tempo, testemunha do amor pelo pai e de sua degradação em diabo. O amor pelo pai mascararia o ódio pelo pai desenvolvido no complexo de Édipo e explícito na transformação do luto em melancolia. Freud esboça então um traço diferencial da histeria masculina: “a intensidade sobre determinada do ódio pelo pai no complexo de Édipo”.

O amor pelo pai operaria uma inversão do complexo de Édipo e evitaria o enfrentamento com o pai no ódio, servindo para  elidir a castração pelo lado masculino mas empurrando o sujeito para uma posição feminina frente ao pai onde a questão da castração é, todavia, recolocada. O impasse de Haizmann em relação à eleição sexual fica expresso em um compromisso precário que ele adota: a partir do segundo dos oito quadros que ele pinta para ilustrar a história da possessão, ele passa a representar o diabo com seios, ou seja, representa-o como mulher, castra-o.

Freud elabora esse aviltamento ao pai expresso pela representação de um diabo feminilizado, como uma defesa do pintor de dar um filho ao pai, expressa na duração do pacto (9 anos/9meses). A revolta contra a castração, que implica na posição feminina, encontra expressão na fantasia inversa de castrar o pai, projetando nele sua própria feminilidade.
A esses acréscimos femininos ao corpo do diabo Freud, contudo, adiciona uma segunda explicação, pela qual eles deixam de ter um sentido hostil para revelar uma fixação à mãe como toda poderosa, fixação responsável pela hostilidade ao pai. O retrocesso de Haizmann frente a eleição do sexo refere-se a uma defesa contra a castração materna e é, nesta vertente, que ele cedendo em seu desejo, coloca-se nas mãos da Virgem Maria que o libertará do pacto, “neutralizando assim a mediação paterna necessária para salvar seu desejo”.

É esta mesma característica de covardia frente ao pai que encontramos em “Dostoievisk e o parricídio”. Para Freud, Dostoievisk só consegue enfrentar o pai em sua arte, apresentando-se, fora dela, como um covarde. Sofrendo de uma melancolia súbita em sua juventude, Dostoievisk tem o pressentimento de que vai morrer, o que Freud interpreta como uma “identificação com um morto, ou com uma pessoa viva à qual se deseja a morte”. Seus ataques histéricos são definidos por Freud como um “auto castigo pelo desejo de morte do pai odiado”, derivado da não aceitação desse ódio que suscita-lhe angustia e a ameaça de castração, ameaça que se redobra na posição feminina que ele adota e que não lhe provê, tanto quanto a Haizmann, o refúgio buscado contra ela. Freud define assim o mecanismo do sintoma histérico no homem: “você queria matar seu pai a fim de ser você mesmo o pai. Agora, você é o pai, mas um pai morto”.

Dostoievisk foi condenado à morte, acusado de “Hostilidade ao Cristianismo Oficial” mas teve a sua pena trocada no último momento, por uma condenação a trabalhos forçados na colônia penal de Omsk. Segundo Freud, durante a sua estada no estabelecimento penal os sintomas  neuróticos e de epilepsia de Dostoievisk desapareceram, o que é contestado, com relação aos ataques,  pelo próprio Dostoievisk em cartas dirigidas à sua irmã Misha. Dostoievisk sofreu vários ataques, os quais ocorriam sempre após um evento traumático, como foi o que teve na noite de bodas.

4. A HISTERIA MASCULINA NA VISÃO DE LACANLacan confere a histeria uma causa significante, segundo ele é a falta de um significante do sexo feminino que pode conduzir o sujeito a comprometer o seu ser em uma pergunta simbólica que é a essência da neurose histérica, tanto no homem quanto na mulher: “o que é uma mulher?” ou  “sou homem ou mulher?”.

Pierre Bruno aborda três pontos sobre o problema da histeria masculina a partir da elaboração do discurso de Lacan:

O primeiro traço, comum aos histéricos homens ou mulheres, é a suposição da mulher como sujeito suposto saber, tal como Lacan enuncia no Seminário “De um outro ao Outro” “O sujeito histérico faz o homem que suporia saber a mulher”.

Como segundo ponto, temos que a abordagem da mulher precipita o histérico para uma identificação com um homem que presentifica a pergunta sobre a mulher. Do lado do histérico homem, esse “fazer homem” como sustentação imaginária do falóforo, corresponderia a fazer o homem que a histérica solicita como supostamente sabendo a mulher, corresponderia, pois, a uma fantasia feminina.

O terceiro ponto é a identificação com o pai impotente, ou seja, com o gozo castrado do pai através dos sintomas, identificação que, no caso do histérico homem, impede a transmissão simbólica do falo entre pai e filho. O pai morto não abe o acesso à função do pai real, reenviando o sujeito, por um lado, ao pai castrado como impotente e, por outro, ao pai real como terrível, tendo-se de ambos os lados a imaginação do pai.

Não havendo no inconsciente um significante sob o qual inscrever a mulher e na ausência de mediação do pai real como agente da castração, a mulher pode restar como um objeto inquietante, um objeto real, já que sua essência não se conduz à castração.

Para o homem histérico, “mais que ser um homem, importa-lhe um saber sobre a mulher” Geneniève Morel fala de um “empuxe-à-Tirésias” que, no histérico homem, consistiria em abandonar a referência fálica para saber o que é o gozo feminino para além do falo, “forma perniciosa do superego feminino”, diz ela, que  poderia exprimir-se assim: “há um gozo melhor que o gozo fálico, é o feminino. Se você quer saber, castre-se; assim, além do mais, escaparás à castração pela mulher”.

Para Lacan, Sócrates era um histérico porque “pôs o amor entre a espada e a parede para produzir um saber, o sinal não está, posto sobre os  seus sintomas e sim sobre o que em sua posição com relação ao saber determina a mutação de uma “ doxa” e episteme. Não é Sócrates por isto, analista de uma certa maneira. Com efeito, desde o Seminário sobre a transferência, Lacan nota como Sócrates se desvia de Alcibíades (quem descobre nele o amálgama que o faz desejante), lavando-se as mãos da transferência para melhor se referir à mulher como a única que guarda a verdade sobre o amor.

5. O HISTÉRICO
Segundo Harry Starck Sullivan, o histérico alimenta um desprezo bastante profundo sobre seus semelhantes e se constitui no maior mentiroso sem propósito determinado. O mundo para ele não parece ser muito bom e por isto mente pensando em melhorá-lo. Alguns histéricos são extremamente inteligentes e emotivamente extravagantes. No histérico a euforia é mais intensa do que parece justificar a realidade objetiva e alternada mais ou menos vividamente com emoções negativas igualmente extravagantes.

Os aspectos emotivos do histérico são altamente hábeis, as disposições temperamentais vêm e vão tão fugazmente como as chuvas de verão e não há estreita relação entre o humor predominante durante uma hora, por exemplo, e o que poderíamos considerar com relação aos fatos de caráter pessoal mais importante ocorridos durante o mesmo lapso de tempo.

O histérico pode mostrar-se muito enjoado, imensamente complacente, fidelíssimo e muito hostil, tudo isso em rápida sucessão de tempo. Todavia estas emoções extravagantes cessam no momento em que atingem o seu propósito. Ele tem uma capacidade espetacular de representação e o seu sistema motivacional é bastante imaturo.

A relação do histérico com outras pessoas não alcança nunca o plano do amor e às vezes nem sequer o plano da intimidade. Com bastante freqüência predomina de modo sério a motivação competitiva tão proeminente durante a etapa juvenil, e a competição é menor com membros do mesmo sexo. Em geral vive mal no casamento e quem se mostrar mais extravagante que ele se converterá na sua tortura o que pode desencadear novos sintomas de histeria para afrontar as dificuldades entre as relações interpessoais suscitadas por sua extravagância competitiva. Para com as pessoas inexperientes eles se apresentam como muito sociáveis simpáticos e elevados.

Segundo o professor Frederico Ricciardi em aula ministrada na Faculdade Ruy Barbosa-Ba, no dia 10.03.2008, a histeria, enquanto estrutura, designa basicamente três modalidades de agir humano, ou seja, três modos de funcionar:

1. Mascarada: tipo de funcionamento histérico em que a pessoa se camufla sobre o véu de atributos fálicos. São as histéricas poderosas, têm iniciativa, mantém relações efêmeras, fugazes e na conduta laborativa, são pessoas que ocupam posições altas e que todos respeitam, são decididas.
2. Insatisfeitas: são histéricas que não se satisfazem com nada.
3. Sugestionável: são pessoas retraídas e sugestionáveis, que se agoniam quando estão sozinhas, são inconstantes, não têm um jeito de ser, aderem o da maioria e se camuflam.

6. SINTOMATOLOGIA HISTÉRICAPara Freud (1890) são sintomatologias da “grande histeria”:


  1. Os ataques convulsivos que muito se assemelham aos ataques epilépticos, como os que ocorriam com Dostoievski, sempre executados com certa correção e de modo coordenado. Durante o ataque a consciência pode conservar-se ou se perder. Os ataques seguem-se uns aos outros e, em série, de modo que um ataque inteiro pode durar diversas horas ou dias. (Freud 1890)
  2.  Zonas histerógenas: Áreas sensíveis do corpo, nas quais, um leve estímulo desencadeia um ataque, cuja aura, muitas vezes, começa por uma sensação proveniente dessa área. São encontradas com maior freqüência no tronco do que nos membros e tem preferência por determinados locais. Nos homens, nos testículos e no cordão espermático. A pressão nessas áreas desencadeia, com freqüência, não uma convulsão, mas sim sensações-aura.
  3. Distúrbios da sensibilidade: consistentes em anestesia ou hiperestesia e apresentam quanto a extensão e grau de intensidade, uma variabilidade não observada em nenhuma outra doença. A anestesia pode afetar a pele as membranas mucosas, os ossos, os músculos e os nervos, os órgãos dos sentidos e os intestinos. Os reflexos sensoriais ficam geralmente diminuídos.
  4. Distúrbios da atividade sensorial: estes podem afetar todos os órgãos dos sentidos e podem aparecer simultaneamente com ou independentemente de modificações na sensibilidade da pele. Seus sintomas são: fundo de olho normal ao exame; ausência do reflexo conjuntival; estritamento concêntrico do campo visual; redução da percepção luminosa; e acromatopsia. A surdez raramente é bilateral e às vezes há uma extraordinária exarcebação da atividade sensória, especialmente do olfato e da audição.
  5. Paralisias: são mais raras do que a anestesia e quase sempre acompanhadas de anestesia da parte do corpo paralisada. Não levam em conta a estrutura anatômica do sistema nervoso e só são compatíveis às paralisias corticais. Assim existe a hemiplegia histérica na qual são atingidos somente o braço e a perna do mesmo lado, inexistindo paralisia facial histérica. Pode ocorrer a paralisia de ambas as pernas. Nas paralisas histéricas estão ausentes o fenômeno da degeneração descendente, por mais que durem as paralisias; muitas vezes, há uma intensa flacidez muscular e o comportamento dos reflexos é inconstante; por outro lado os membros paralisados podem atrofiar-se se não houver excitabilidade. Às paralisias dos membros deve-se acrescentar a afasia histérica, ou, mais corretamente, a mudez, que consiste numa incapacidade de produzir qualquer som articulado ou mesmo de executar movimentos da fala sem voz. È sempre assemelhada a afonia, que também pode ocorrer isoladamente.
  6. Contraturas: Nas formas mais graves de histeria, há uma tendência geral no sentido de o aparelho reagir a pequenos estímulos através de contratura. As contraturas musculares são muito freqüentes nos órgãos dos sentidos, nos intestinos e num grande número de casos, também constituem o mecanismo pelo qual a função fica suspensa nas paralisias. A tendência dos espasmos crônicos também aumenta muito na histeria.

CONCLUSÃODo presente estudo se conclui que os homens, tanto quanto as mulheres, podem ser afetados pela histeria, psiconeurose inicialmente investigada por Charcot e Freud, que geralmente nas pessoas do sexo masculino se manifesta na adolescência e cujos sintomas físicos não possuem causa orgânica, ocorrendo quando existe uma grande carga de emoção reprimida e sem possibilidade de expressão.
Os histéricos vivenciam os conflitos de forma dolorosa, tendendo a reagir com sentimentos mais fortes, o que os levam ao desenvolvimento das crises.


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http://www.psicologia.com.pt/artigos/verartigolicenciatura.php?  (Acesso em 23.03.2008)

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