Projeto Criança e Consumo reage a parecer ofensivo do Conar

Publicado por: redação
01/07/2011 11:36 PM
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Comercial do Mc Donald´s, divulgado no trailer do filme “Rio”, é claramente direcionado às crianças. A denúncia feita pelo Projeto foi indeferida, e depois arquivada pelo órgão

O Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, reagiu ao parecer do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) sobre a denúncia feita pelo projeto contra uma campanha do McDonald’s durante o trailer da animação infantil “Rio”.  Em 16 de junho, o órgão proferiu parecer em que faz piadas com o conteúdo da denúncia, ao mesmo tempo em que faz comentários ofensivos ao Instituto Alana. A frase “Vale a fantasia de trocarmos o nome Instituto por outro mais característico – a bruxa Alana, que odeia criancinhas” resume a falta de seriedade e de compromisso do Conar com a ética e com a sociedade brasileira.

A representação enviada ao Conar teve como base argumentos jurídicos, científicos e políticos para questionar a publicidade do McLanche Feliz com brindes do filme “Rio”, que falava diretamente com crianças menores de 12 anos. Ainda mostrava como a empresa feria seu próprio código de ética e o acordo de autorregulamentação firmado junto à Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos) e à ABA (Associação Brasileiras dos Anunciantes), em 2010.

Segundo esse acordo, o McDonald’s não poderia anunciar nada, nenhum tipo de produto, para crianças menores de seis anos. Acontece que o filme “Rio” tinha classificação indicativa livre, e milhares de meninos e meninas pequenos foram impactados pela campanha. Vale lembrar que a publicidade chamava mais atenção aos brinquedos com personagens do filme do que ao produto em si, induzindo a criança a querer o McLanche para ter os brindes.

A venda de alimentos com brinquedos vem sendo criticada em todo o mundo – e definitivamente não é uma bandeira só do Instituto Alana. No Brasil, o Ministério Público Federal instaurou inquérito em 2009 para investigar essa prática em três cadeias de fast food. A Assembleia de Belo Horizonte acabou de aprovar um projeto de lei que proíbe venda de lanches com brindes para crianças. Fora as várias proposições que tramitam no Congresso Nacional sobre essa questão.

Mas o conselheiro do Conar se limitou a dizer: “Da mesma forma que Suécia e Dinamarca tem por base evitar que suas crianças de olhos azuis fiquem gordinhas, o Brasil tem por base acabar com a desnutrição dos nossos meninos moreninhos”. E o que o Conar tem a dizer a respeito do dado do Ministério da Saúde de que 30% de nossas crianças estão com sobrepeso e 15% já estão obesas?

O parecer de apenas duas páginas tem distorções e ofensas que jamais foram vistas em cinco anos de atuação do Projeto Criança e Consumo. E vale ressaltar: mesmo com tantos absurdos, o Conselho do Conar votou por unanimidade a favor do parecer.

Por isso, pela total falta de respeito com que esse caso foi julgado, não reconhecemos mais o Conar como uma entidade séria e legítima para garantir a ética na publicidade brasileira.  Entendemos que uma autorregulamentação como essa de fato não protegerá a infância brasileira dos abusos comerciais.

É preciso uma legislação específica que proteja nossas crianças desses abusos. De novo: essa não é somente uma preocupação do Alana, mas também de 76% dos pais brasileiros que afirmaram em pesquisa do Datafolha que a publicidade de fast food prejudica seus esforços na educação alimentar de seus filhos.

Acesse o parecer do Conar através do link:

http://www.consumismoeinfancia.com/2011/06/29/conar-caca-bruxas/

Leia a denúncia feita pelo Projeto Criança e Consumo:

http://www.alana.org.br/CriancaConsumo/AcaoJuridica.aspx?v=1&id=209

Sobre o Projeto Criança e Consumo

O Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, desenvolve atividades que despertam a consciência crítica da sociedade brasileira a respeito das práticas de consumo de produtos e serviços por crianças e adolescentes. Debater e apontar meios que minimizam os impactos negativos causados pelos investimentos maciços na mercantilização da infância e da juventude faz parte do conjunto de ações pioneiras do Projeto que busca, como uma de suas metas, a regulamentação de toda e qualquer comunicação mercadológica dirigida à criança no Brasil. Mais informações no site: www.criancaeconsumo.org.br.

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