A solidão é um "assassino oculto" do idoso

Publicado por: redação
11/10/2011 11:45 PM
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Britânicos promovem campanha contra o fim da solidão na velhice

A solidão é o "assassino invisível" do idoso, que ameaça a saúde, tanto quanto a obesidade ou o tabagismo. O alerta é de uma campanha – Campaign to EndLoneliness  – organizada por ONGs britânicas, que alegam que  o custo emocional da solidão pode ser conhecido, mas os danos físicos provocados por ela têm sido negligenciados.

Segundo os promotores da campanha – Age UK Oxfordshire, Counsel and Care, Independent Age e WRVS  – um em cada dez idosos britânicos sofre de solidão intensa, o que conduz a um risco aumentado de depressão, que favorece o desenvolvimento de maus hábitos alimentares e de práticas sedentárias, que excluem a atividade física do cotidiano. A falta de interação social aumenta as chances do idoso de sofrer com doenças degenerativas, como  o Alzheimer.

O maior objetivo dos organizadores é sensibilizar os profissionais de saúde para a relação entre saúde precária e solidão na terceira idade. Por meio da divulgação de uma pesquisa, as entidades chamam atenção para uma conscientização social sobre o "horror da solidão” e seu "impacto pernicioso” sobre as pessoas mais velhas.

De acordo com o estudo das ONGs, realizado com 2.200 pessoas, apenas uma em cada cinco tinha ciência que a solidão é um fator de risco para a saúde. No Reino Unido, a solidão entre os idosos está aumentando, em parte, devido ao maior número de idosos morando sozinhos (mais da metade das pessoas com mais de 75 anos de idade vive sozinha) e, em parte, devido à dispersão das famílias.

A Organização Mundial da Saúde já classifica a solidão como um fator de risco para a saúde maior que o tabagismo e tão grande quanto a obesidade.

Riscos da solidão na terceira idade

“Além dos custos sociais e econômicos, precisamos considerar as implicações emocionais e psicológicas de um número crescente de pessoas mais velhas, no Brasil e no mundo. Este é o aspecto mais interessante da campanha britânica. Não podemos ficar alheios ao tema", defende a médica Renata Diniz, que dirige a VR MedCare, empresa especializada em cuidados médicos na terceira idade.

O isolamento social e longos períodos de solidão podem levar o idoso a desenvolver um quadro de depressão. “A depressão é frequentemente uma doença crônica, com episódios de recorrência e de melhoria. Cerca de um terço dos pacientes com um único episódio de depressão apresentará outro episódio dentro de um ano, após a descontinuação do tratamento. E mais da metade terá uma recorrência em algum momento de suas vidas.  Até o momento, mesmo antidepressivos mais modernos  não conseguiram alcançar a remissão permanente na maioria dos pacientes com depressão profunda, embora a medicação padrão seja muito eficaz no tratamento e na prevenção dos episódios agudos da doença”, diz a médica.

Por provocar um intenso sofrimento da alma, do corpo e da mente, a depressão é a principal causa de até dois terços de todos os suicídios. Homens deprimidos são mais propensos a cometer suicídio do que as mulheres deprimidas. “Preocupações suicidas ou ameaças de suicídio entre idosos devem sempre ser tratados com seriedade, sempre”, alerta Renata Diniz.

A depressão profunda em idosos  pode reduzir o tempo de vida, independentemente de qualquer doença pré-existente. A diminuição da atividade física e a falta de convívio social certamente desempenham um papel importante na associação entre a depressão e a gravidade de diversas doenças que acometem os idosos, tais como:

Doenças cardíacas e ataques cardíacos: a depressão aumenta a severidade de um ataque cardíaco e pode até prejudicar a resposta do paciente à medicação para doenças cardíacas. Embora as pessoas com doenças cardíacas possam tornar-se deprimidos, isso não explica totalmente a ligação entre os dois problemas. Os dados científicos sugerem que a depressão em si pode ser um fator de risco verdadeiro para a doença cardíaca, bem como para sua gravidade aumentada. Uma série de estudos indica que a depressão tem efeitos biológicos sobre o coração, incluindo um maior risco de coagulação do sangue, alterações do ritmo cardíaco e fluxo sanguíneo do coração  prejudicado. “Quanto mais grave a depressão, mais perigosa ela é para a saúde cardíaca. Mesmo em sua forma mais leve – que inclui sentimentos de desesperança experimentados ao longo de muitos anos – a depressão pode prejudicar a saúde cardíaca”, explica a  médica Vanessa Morais, que também dirige a VRMedCare, empresa especializada em cuidados médicos na terceira idade;
Aumento da sensação de dor: “a depressão coincide com o aumento da dor em pessoas idosas com condições como artrite ou fibromialgia”, afirma Vanessa Morais;
Câncer: a relação entre depressão e câncer tem sido examinada há anos com algumas claras associações, como no câncer de pâncreas e mama. “Certamente a depressão e a ansiedade tem um impacto profundo na qualidade de vida dos idosos com outros tipos de câncer”, diz a médica.

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