Advogados ou vedetes

Publicado por: redação
14/06/2012 02:54 AM
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O Direito sempre foi uma das profissões que mais exigiam decoro no seu exercício.

Os advogados primavam pela dignidade profissional e exerciam o tempo todo a discrição, tomando-se cuidado na preservação da intimidade dos seus clientes, fosse ela pessoal ou profissional. A própria Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) era muito zelosa e exercia uma prudência muito grande quanto à exposição pública dos seus associados, proibindo qualquer divulgação gratuita e mercadológica dos seus membros, visando sempre o decoro e a preservação da imagem da profissão. Bons tempos aqueles em que o “anel de Doutor” significava uma profissão respeitada, com certa autoridade e poder quase incontestável.

Ultimamente tem me chamado atenção a maneira como alguns colegas vêm se apresentando nos veículos de comunicação, chegando ao máximo com a aparição na mídia de um ex-ministro da Justiça ao lado de um dos maiores corruptores do Brasil, defendendo-o com todo empenho da sua experiência e poder, além de declarar o quanto está cobrando para defender o finório vigarista.

Cotidianamente, vários colegas se expõem à imprensa na ânsia de aparecer, dando declarações estapafúrdias e desencontradas, como esse que declarou que sua cliente, envolvida em um dos últimos crimes bárbaros cometidos na cidade, teria sido no passado garota de programa.

Essa prática de a todo custo ser reconhecido profissionalmente, expondo-se de maneira tosca na maioria das vezes, com declarações levianas e inoportunas, chegando-se em alguns episódios a beirar o total ridículo profissional, vem causando grandes estragos a uma categoria profissional que, há tempos, já foi muito respeitada e admirada.

Existem diversas formas de se fazer reconhecer profissionalmente. Artigos podem ser escritos, bem como livros. Declarações também podem ser feitas, desde que sejam incontestáveis e provadas, e as vitórias profissionais só depois de julgadas.

Sei que no passado a forma de exposição pública dos advogados foi muito cerceada em razão de uma ética profissional coercitiva, imposta pelo órgão maior da nossa categoria. Acho que os tempos mudaram e houve uma grande flexibilização em relação à maneira dos advogados implementarem estratégias visando a divulgação, mas esta deve ser realizada de forma profissional, num planejamento de médio e longo prazo e tendo-se o cuidado de não se incorrer em erros que, em vez de criarem um bom conceito profissional, trazem um resultado totalmente oposto ao que se pretendia.

*Sylvia Romano é advogada trabalhista, responsável pelo Sylvia Romano Consultores Associados, em São Paulo. E-mail: sylviaromano@uol.com.br

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