O critério do valor jornalistico

A cada dia que passa, mais me questiono sobre o critério de valor da imprensa. Uma tribuna de tamanha importância como é a mídia, seja impressa, eletrônica ou qualquer outro meio moderno, vem desperdiçando seu espaço com fatos, na maioria das vezes, que não têm a menor relevância.

Artistas comendo pipoca na esquina, ladrões pés-de-chinelo, “periguetes” e corruptos de quinto escalão acabam de uma hora para outra virando celebridades. Coleguinhas que militam no Direito então nem se fala! Eles querem aparecer a toda hora e, apesar de não terem o que dizer nem valor para tal visibilidade, muitos jornalistas despreparados acabam concedendo a essa turba de vaidosos espaços preciosos nos veículos para os quais trabalham.

Fatos essenciais e de impacto nas comunidades e na sociedade são relegados a segundo plano por jovens jornalistas que não tem o menor senso de valor da noticia. A maioria deles não se utiliza da pesquisa junto às suas fontes e acaba, por preguiça, publicando casos sem ir a fundo no questionamento e na veracidade dos fatos em si. Basta ter uma assessora da “turma” que o ocorrido passa a ser da maior importância, não interessando se o mesmo é verdadeiro ou não.

Acontecimentos que necessitam ser do conhecimento geral, denúncias fundamentadas, cultura, fatos importantes que podem impactar pela sua magnitude, principalmente se forem positivos, passam a ser ignorados e substituídos por desgraças, crimes e tudo que de mais negativo estiver ocorrendo.

Agora a questão da obrigatoriedade ou não do diploma de jornalista volta à baila, o que a meu ver é um tema da menor importância. Em vez disso, acho que deveria haver uma preocupação com o conhecimento, a inteligência, a moral e a capacidade daqueles que hoje se arvoram como os donos da verdade e acham que estão acima do bem e do mal na divulgação de informações sem levantamento e pesquisa, caluniando quem não merece e louvando quem não faz a menor diferença para o nosso cotidiano.

Recentemente um ex-jogador de futebol prometeu ir à Justiça pedir ressarcimento em função de uma suposta calúnia alardeada pela mídia sobre a sua pessoa. Sou totalmente a favor da liberdade de imprensa, mas desde que fatos divulgados possam ser provados, pois senão, os escritórios de advocacia irão agradecer pelos novos clientes que certamente começarão a surgir em suas bancas.

*Sylvia Romano é advogada trabalhista, responsável pelo Sylvia Romano Consultores Associados, em São Paulo. E-mail: sylviaromano@uol.com.br