Professores brasileiros passam dificuldades em Timor-Leste

Publicado por: redação
21/09/2012 09:14 AM
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Me chamo Flávio Tonnetti, profesor universitário e estou em Timor-Leste,  selecionando para ajudar a reconstruir o Ensino Superior do país. Vim juntamente com outros 33 professores/mestres/doutores – sendo 4 portugueses. (www.mackenzie.br/docentes_temporarios_untl0.html)

Destes, 6 já retornaram ao Brasil por não conseguirem se manter aqui. Os problemas aqui são grandes e estamos sem receber há 4 meses (situação que já ocorreu antes). Vejam a reportagem, realizada pelo G1, em maio deste ano:

http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2012/05/brasileiros-desistem-de-dar-aulas-no-timor-leste-apos-atraso-nos-salarios.html

Desta vez o cenário é pior, pois as relações estão desgastadas e não temos qualquer previsão de resolução. Não sabemos onde foi parar este dinheiro, que existe, mas não vem para quem deveria vir. Já procuramos os Ministros das Finanças e Educação de Timor-Leste, mas não obtivemos resposta. Neste sentido, temos tido um apoio muito tímido da embaixada brasileira em Timor-Leste. Precisamos da ajuda de vocês. O MRE (Ministério das Relações Exteriores) já tem ciência desta situação. Os senadores também foram informados.

CONVÊNIO DE COOPERAÇÃO

Fomos selecionados pelo Mackenzie (reitoria@mackenzie.br) pela professora Regina Pires de Brito rhbrito@mackenzie.br, para este projeto em Timor-Leste para atuar no Ensino Superior do país. Como representante do Mackenzie, a professora Regina nos selecionou e ofereceu um treinamento no próprio Mackenzie para estes professores selecionados (que vieram de diversas partes do Brasil) e que consta em documentos como coordenadora geral do projeto que visava enviar os docentes para atuar na UNTL (Universidade Nacional de Timor-Leste - a única pública do país) num convênio de cooperação que foi celebrado entre o Mackenzie e a UNTL. Viríamos aqui para atuar na reconstrução do Ensino Superior de Timor-Leste que usa a Língua Portuguesa como uma de suas línguas oficiais (junto com o tétum).

O Português é a língua do ensino e viríamos aqui para, além de dar aulas, rever a organização dos cursos e conteúdos das disciplinas que este ano passariam a ser ministradas completamente em língua portuguesa (porque a universidade recebeu este ano os primeiros alunos que tiveram seus estudos concluídos dentro do regime democrático (10 anos de educação básica em um país livre). Nosso contrato seria assinado com a UNTL [reitoria_untl@yahoo.com] e nossos salários também pagos pela UNTL - segundo garantias do Mackenzie que nos foram expressamente dadas. Seria um contrato de professores visitantes dentro de um projeto de cooperação entre estas duas universidades.

Ocorre que já em solo timorense fomos informados que a UNTL não poderia nos contratar diretamente (em virtude de um parecer jurídico do assessor da UNTL que é português - senhor Miguel Carreiras (miguelcarreira.lx@gmail.com). Ficamos três meses sem contrato, que foi refeito duas vezes pelo mesmo assessor. Surge então a figura da FUP (Fundação das Universidades Portuguesas cujo representante em Timor-Leste é Vasco Fitas vfc@uevora.pt ) que decide assumir o contrato, mas em condições diferentes do anterior. Nosso salário se mantém, mas nossas atribuições já não são as mesmas. A FUP cobra uma taxa de administração e o dinheiro vai para Portugal e depois volta para Timor. Nosso salário fica atrasado em 4 meses e é pago sem juros.

A embaixada brasileira é informada disso o tempo todo e acompanha o processo, mas sem intervir diretamente. Existem promessas de que a situação irá se resolver. Não se resolve. Novos atrasos ocorrem e sem justificativa ou previsão de regularização. Ficamos sem salário desde junho até agora e nenhuma providência é tomada. Recebemos pareceres nos impedindo de sair do Timor-Leste e ontem recebemos um documento impedindo de fazer participações políticas.

Por conta dos atrasos (e assédios) tentamos contactar o reitor da UNTL que se recusa a nos receber. Procuramos e enviamos carta ao Ministro da Educação de Timor e ao conselho de Ministros. Na festa da Independência do Brasil abordamos pessoalmente e falamos com o Presidente de Timor (Taur Matan Ruak) e com o Ministro da Educação (Bendito dos Santos Freitas: (bendito_freitas@yahho.co.uk) que nos recebeu no dia seguinte em reunião com os docentes. Como nenhuma providência é tomada procuramos o Primeiro-Ministro, Xanana Gusmão (betti74@gmail.com), um grupo o aborda no Parlamento e consegue uma reunião para explicar o caso.

BRASIL E O PROBLEMA INSTITUCIONAL

 

Enquanto isso, acionamos ao longo deste período uma série de amigos que passam a enviar mensagens ao Itamaraty que muda de postura e passa a ter uma posição mais oficial. A questão passa a tomar contornos de uma questão entre Estados e vai deixando o caráter de um problema institucional, já que cidadãos brasileiros geram uma demanda por solução.

GREVE DE PROFESSORES TIMORENSES EM TIMOR-LESTE

Enquanto isso os professores timorenses planejam uma greve que começara esta semana (algo inédito) devido à problemas relacionados à gestão da universidade e ao plano de carreira dos professores nacionais.

PROFESSORES INTERNACIONAIS SEM SALÁRIOS

Nesta semana acompanhamos uma reunião com o Sr. Vasco, o Sr. Miguel, a Vice-Reitora e o Primeiro-Ministro, Xanana Gusmão. Mas fomos impedidos de entrar na sala. Nenhum prazo objetivo para solução dos pagamentos foi apresentado.

O presidente da FUP em Portugal - que tem sido informado dos acontecimentos aqui e não se pronunciou chama-se Prof. Amaral - amaral@dsi.uminho.pt). O reitor da UNTL é Aurélio Guterres  [reitoria_untl@ahoo.com] que tem se recusado a nos receber. O e-mail de sua secretária é carlagabrielalopes@gmail.com

Uma nova reunião foi realizada segunda-feira (dia 17) envolvendo os docentes, a vice-reitora e o Vice-Ministro do Ensino Superior (Marçal Avelino Ximenes maximtl@yahoo.com) que prometeu novamente uma resolução, mas ainda continuamos sem pagamentos.

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