Renegociação de dívida: a primeira etapa para uma reestruturação eficaz

Publicado por: redação
01/03/2011 08:00 AM
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Renegociação de dívida: a primeira etapa para uma reestruturação eficaz

*Por Vincent Baron

O sucesso de uma empresa não está ligado somente a uma ideia inovadora, uma excelente estratégia de marketing ou até mesmo à fidelização de seus clientes. Não é raro vermos empresas líderes de mercado passarem por dificuldades, alimentarem dívidas gigantescas, entrarem em recuperação judicial e, só depois de um momento crítico, iniciarem um processo de reestruturação. O problema é que, independentemente do porte da companhia e do mercado de atuação, a má gestão e decisões financeiras equivocadas são problemas comuns e que podem comprometer a trajetória de qualquer companhia. O processo de reestruturação, se bem conduzido, ajuda a tornar as empresas ainda mais fortes e eficazes.

Quando a situação começa a fugir do controle, é hora de repensar as decisões e buscar soluções. Muitos empresários, não sabendo como lidar com situações críticas, acabam aumentando financiamentos bancários de curto prazo, criando uma verdadeira bola de neve. Também é comum vermos decisões desesperadas, como baixar excessivamente os preços para aumentar o faturamento, e conseguir ter mais duplicatas para descontar.

O primeiro passo para melhorar a saúde de uma empresa é financeiro, especialmente pensando em criar um plano de reestruturação crível, gerar números gerenciais confiaveis e renegociar as dívidas. Essas dívidas podem ser com Instituições Financeiras, com o Governo ou fornecedores, e a renegociação permite ter um alívio que permita a empresa retomar o caminho do crescimento sustentável. Este passo é o mais indicado para tentar sair da inadimplência e reconstituir a saúde financeira da companhia. Quanto pior a situação, mais raras são as soluções. Assim, a recomendação é não esperar a situação chegar ao extremo para procurar soluções.

A empresa precisa ter claramente definidas as suas despesas por centro de custo, com gastos fixos e variáveis e os desembolsos necessários para o pagamento das dívidas – não somente o pagamento de juros e sim com o pagamento do principal. Conhecimento, controle e planejamento são palavras chaves para uma boa gestão financeira que fica mais critico quando a empresa esta mal.

Somente com informações claras com relação à dívidas, custos, fluxo de caixa  e custos fixos e variáveis, a empresa pode começar a traçar um planejamento para renegociar com os credores, e principlamente as Instituições Financeiras.

Apesar da ausência de dados estatísticos, estima-se que o primeiro item que as empresas deixam de pagar são os impostos. As empresas que enfrentam dificuldades financeiras acabam deixando este custo para o segundo momento. Os fornecedores assumem o segundo lugar no ranking. Depois de evitarem os desembolsos com o pagamento dos impostos, a saída é atrasar o pagamento dos fornecedores não estratégicos. Este caso, no entanto, pode gerar sérios problemas com relação a própria produção e o andamento das atividades da empresa.

Por último, estão as instituições financeiras. Entrar na ciranda financeira significa muitas vezes tomar empréstimos para pagar os custos de outros financiamentos e o problema parece não ter mais fim. Renegociar divida bancária requer um bom conhecimento dos produtos financeiros disponíveis, que tambem variam em função do porte da empresa. Principal, prazo, taxa e garantias são as quatro dimensões que entram na renegociação; mas ter um plano crível e o apoio de profissionais sérios e que transmitem confiança pode fazer uma boa diferença.

Nos três casos, a renegociação da divida é um dos primeiros passos recomendados, junto com redução de custos e aumento do faturamento. Ou seja, a reestruturação operacional da empresa tem que ser concomitante a uma renegociação de dividas; renegociar dívidas reduz a febre, mas não cura a doença. E a venda de ativos não estratégicos pode ser uma boa alternativa para gerar caixa no curto prazo, conseguir melhores condições de negociação e demostrar comprometimento.

Quando a situação é ainda mais crítica, a saída pode ser entra em recuperação judicial. A legislação recente foi uma grande conquista que já ajudou milhares de empresas a ter folego para sair do vermelho e voltar a operar normalmente. No entanto, antes de chegar a este estágio, há alternativas viáveis para recuperar a saúde financeira da empresa. A renegociação é o primeiro passo.

*Vincent Baron, sócio da Naxentia, é graduado em administração e possui MBA da Insead, uma das melhores escolas de negócios do mundo. Nascido na França, está no Brasil há dez anos. Especialista em reestruturação, antes de ingressar na Naxentia, foi diretor da Alvarez & Marsal, atuou na Oliver Wyman, Deloitte e no Banco Société Générale.

Sobre a Naxentia

A Naxentia é especializada em transições críticas, principalmente em reestruturação e turnaround, profissionalização e preparação para venda. O foco da empresa é atender todas as necessidades das empresas relacionadas à crise, preparação para venda, desempenho estagnado, crescimento acelerado, profissionalização e sucessão.

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