Para 79% dos pais brasileiros, publicidade de alimentos não saudáveis prejudica hábitos alimentares das crianças

Publicado por: redação
30/05/2011 10:30 PM
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Pesquisa do Datafolha realizada em todo o Brasil com  pais e mães de crianças de até 11 anos de idade identifica que a grande maioria preocupa-se com publicidade de fast food e de alimentos não saudáveis dirigida ao público infantil

O Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, contratou uma pesquisa ao Datafolha para identificar a opinião de pais e mães de crianças de até 11 anos sobre o impacto da publicidade de cadeias de fast food e alimentos considerados não saudáveis em seus filhos. A maioria, 79%, apontou que esse tipo de publicidade prejudica os hábitos alimentares dos pequenos.

 

78% concordam que a publicidade de alimentos não saudáveis levam as crianças a “amolar” os pais e pedirem pelos produtos anunciados, e 76% acham que os comerciais dificultam os esforços dos pais para educar o filhos a se alimentarem de forma mais saudável. A pesquisa foi realizada em todo o território brasileiro com 596 pessoas.

 

Para Isabella Henriques, coordenadora do Projeto Criança e Consumo, esses dados apontam para a urgência da pauta da regulação de publicidade de alimentos com alto teor de açúcar, gorduras e sódio para o público infantil. “A obesidade infantil já é uma realidade no Brasil e é preciso agir rapidamente para frear o aumento dos altos índices do problema entre crianças. Sabemos que só a regulação da obesidade não será suficiente para isso, mas sem dúvida é uma peça fundamental, que ajudará no processo de reeducação alimentar da população de modo geral”, diz.

 

Em 2010, a Anvisa publicou uma resolução nesse sentido, que está suspensa para as maiores empresas do setor alimentício. A Resolução nº 24 obriga as empresas a publicar junto com o comercial de seus produtos um aviso sobre eventuais problemas em caso de consumo excessivo desses alimentos. No entanto, a regra não estabelece diferença entre público infantil e adulto.

 

No fim de abril, durante evento da Organização Mundial de Saúde (OMS) para debater doenças crônicas não transmissíveis, a diretora geral organização, Margaret Chan,  ressaltou que milhões de mortes causadas por esses problemas podem ser facilmente prevenidas com políticas públicas amplas e contundentes. O que inclui a regulação de questões cujo impacto é extremamente negativo, como é o caso da publicidade de alimentos ultraprocessados e não saudáveis para crianças e adolescentes.

 

“Aqui está uma pergunta que eu gostaria de fazer para as indústrias de alimentos e bebidas. Será realmente que produzir, comercializar, divulgar publicidade de forma agressiva, especialmente para as crianças, de produtos que prejudicam a saúde dos seus clientes é um bom negócio?”, questionou Margaret Chan.

 

 

No mundo

O governo dos Estados Unidos, país ícone do junk food, lançou recentemente uma série de diretrizes para restringir a publicidade de alimentos não saudáveis direcionada ao público infantil. Estabelecidas pelo FTC (Federal Trade Commission) e mais três órgãos do governo americano, as normas mandam um recado claro para a indústria alimentícia: façam produtos mais saudáveis ou deixem de anunciá-los para crianças.

A preocupação se estende para a Europa. Inglaterra e França, por exemplo, possuem regras claras para publicidade de alimentos com alto teor de açúcar, gorduras e sódio – o primeiro país proíbe veiculação de comerciais em programas dirigidos para crianças e adolescentes de até 16 anos; a França veicula avisos com mensagens de atitudes saudáveis depois das publicidades desse tipo de alimento.

 

Sobre o Projeto Criança e Consumo

O Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, desenvolve atividades que despertam a consciência crítica da sociedade brasileira a respeito das práticas de consumo de produtos e serviços por crianças e adolescentes. Debater e apontar meios que minimizam os impactos negativos causados pelos investimentos maciços na mercantilização da infância e da juventude faz parte do conjunto de ações pioneiras do Projeto que busca, como uma de suas metas, a proibição legal e expressa de toda e qualquer comunicação mercadológica dirigida à criança no Brasil. Mais informações no site: www.criancaeconsumo.org.br..

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