A sociedade não dignifica o luto das mulheres

Publicado por: redação
13/03/2010 01:41 AM
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O drama da perda gestacional
A sociedade não dignifica o luto das mulheres. A portuguesa Maria Manuela Pontes fundou, em Portugal, uma associação que apóia as mulheres vítimas de perda gestacional e publicou o livro Maternidade Interrompida. Em março, ela estará no Brasil para falar do tema.
Quando perdem um filho que ainda não nasceu, as mulheres normalmente se calam, pois a sociedade não dignifica esse luto. É difícil suportar a dor e decidir quando e como retomar a rotina. Expressar sentimentos e compartilhar medos é fundamental para que a superação aconteça. Foi depois de sofrer dois abortos espontâneos que a professora Maria Manuela Pontes fundou, em Portugal, a Associação de Apoio às Mulheres Vítimas de Abortos Espontâneos Projecto Artémis. Desse trabalho resultou o livro Maternidade interrompida - O drama da perda gestacional , lançado em 2009 pela Editora Àgora. Depois que o livro foi publicado no Brasil, a autora conta que seu site passou a ser muito procurado por brasileiras. "Elas dizem que no Brasil também não há instituições voltadas ao tema. É uma dor muito solitária", afirma Manuela. No período de 20 a 28 de março, ela estará no País para tentar encontrar colaboradores e um espaço físico para criar aqui um núcleo de seu projeto.

A Associação Projecto Artémis nasceu como um grupo de apoio na internet, com o intuito de ajudar as mulheres vítimas de perda gestacional. "Em questão de dias, uma enorme quantidade de mulheres entrou em contato comigo", conta Manuela. A partir daí, a Artémis começou a crescer e é hoje uma das maiores organizações não governamentais na área. Possui uma sede física em Braga e núcleos espalhados em Portugal onde é oferecida terapia de grupo.

De acordo com especialistas, a cada 100 gestações, 15 acabam em aborto espontâneo. Em 80% dos casos, ocorre no primeiro trimestre da gravidez - na maioria das vezes antes da sexta semana - e não tem uma causa específica. O aborto espontâneo é um tema pouco divulgado. "Existe um enorme silêncio ao redor do assunto, com nuances de um tabu que deve ser quebrado. A perda gestacional destrói vidas, famílias. É preciso dignificá-la e conhecê-la para que, de forma correta e humana, possamos ajudar essas mulheres", diz Manuela. Para ela, a sociedade precisa se preparar para lidar com o assunto.

O livro traz depoimentos de mulheres que tiveram a vida marcada por perdas gestacionais, mas mostraram confiança e vontade para redescobrir a felicidade em família. Elas se encontram diariamente na associação para compartilhar o sentimento da perda irreparável. "A ideia do livro é revelar a outra face da perda das mães que veem um filho desejado partir", conta a autora.

A perda gestacional representa para a mulher e seu parceiro um desgaste emocional. Segundo Manuela, os amigos devem evitar perguntas sobre o assunto e o casal deve procurar ajuda especializada. O acompanhamento conjunto com profissional da psicologia ou psiquiatria poderá ser indicado em alguns casos.

Fonte

Maria Manuela Pontes nasceu em Chaves, Portugal, em 1971. Licenciada em Humanidades no ano de 1999, passou a lecionar Português e Latim em várias instituições públicas e privadas, profissão que exerce ainda hoje. Casou-se em 1997 e travou uma luta pela maternidade durante três anos. Para coroar sua luta, Manuela deu à luz Vitória, em 2002, e Mateus, em 2006.

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