Dia 10: 64 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos

Publicado por: redação
10/12/2012 01:51 AM
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Wagner Dias Ferreira – Advogado

Membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG

Na segunda-feira, dia 10, a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 64 anos de sua proclamação pelas Nações Unidas preocupadas com o fato de que a humanidade não repetisse as duas maiores atrocidades já noticiadas na história, o holocausto e o uso da bomba atômica.

Terminada a Segunda Guerra mundial, o mundo se viu diante de duas desumanidades extremamente preocupantes. O nazismo alemão que por meio do holocausto desenvolveu práticas contra outros seres humanos até hoje afetando os estômagos mais resistentes. Câmaras de gás, experiências médicas com cobaias humanas, tratamento cruel e desumano em campos de concentração, imposição de fome e miséria em guetos, matança desenfreada e excessivo controle pelo medo. O conhecimento disso  assustou muitos e permanece bem registrado em documentários com cenas da época, filmes e nos equipamentos nazistas que foram preservados. Tudo, para alertar gerações futuras do mal produzido em tempos passados.

De outro lado, a indignidade dos norte-americanos, que decidiram utilizar-se da bomba atômica contra as cidades de Hiroshima e Nagasaki no Japão a fim de obrigar aquele povo a se render ante ao poderio bélico atômico. A destruição causada e a crueldade dos meios não precisam ser descritos e nominados. Estes também possuem registros bastante assustadores, e inúmeras simulações feitas pelo cinema, aos quais precisamos sempre reportar para ver o quão é cruel o uso desse tipo de armamento. Todos que viveram os tempos da guerra fria sabem a espada que sempre pairava sobre a humanidade ameaçando uma terceira guerra mundial.

Nestes 64 anos passados da Declaração Universal dos Direitos Humanos, os homens parecem ter se esquecido das atrocidades.

No Brasil, é possível encontrar pessoas presas pela prática de crimes em containers de transporte de mercadorias, portanto, espaços não dedicados à vida de seres humanos. Pessoas acampadas em beiras de estradas sem as mínimas condições de higiene e saneamento, na expectativa de um “torrão” para plantar e viver. Brasilguaios discriminados em países vizinhos. Atrocidades praticadas por motoristas no trânsito, como se os pedestres ou os motoristas de outros veículos não fossem seres humanos. Infelizmente, a lista de atrocidades contemporâneas e atuais é enorme.

Criminosos cruéis que matam sem pensar e não se ressentem do que fizeram, afastando a ideia clássica de que entre os criminosos, o homicida é o mais reflexivo e arrependido.

Sessenta e quatro anos é muito pouco tempo para se esquecer um holocausto e duas bombas atômicas. Pessoas que estavam vivas naqueles eventos ainda estão vivas hoje. Não é como pensar no nascimento de Jesus ou em sua ressurreição, fatos que não têm mais testemunhas vivas. A humanidade precisa revisitar estas testemunhas e se lembrar daquelas atrocidades para repensar suas atitudes, suas decisões de governo e os rumos a seguir.

Parece um aniversário mais de reflexão e repensar para a humanidade que para comemorar, apesar de ser importante registrar que, neste tempo, a humanidade também produziu boas coisas e projetou bons planos de paz. Programas de desarmamento, projetos de integração econômica mundo afora, pactos internacionais e cartas de intenção para temas diversos como a questão de gênero, meio ambiente, direitos sociais e econômicos, experiências de solidariedade internacional como ocorreram no Haiti, Timor Leste, como no caso da Estação Espacial Internacional que permitiu ao Brasil enviar seu primeiro astronauta ao espaço sempre apontam para algo de bom na humanidade que, à semelhança de um homem individual que vive seus conflitos internos e prossegue em sua trilha pela vida, a humanidade também constrói seu caminho.

Que cada nação e cada ser humano esteja sempre atento para que este caminho leve a um futuro diferente do passado que por vezes parece esquecido e precisa ser lembrado para garantir a mudança de rumos.

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