“Vlado nunca militou e morreu pelo que não fez”, diz Zuenir Ventura

Publicado por: redação
21/03/2014 09:29 AM
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O jornalista e escritor Zuenir Ventura, colunista de O Globo, e Zuenir Ventura, que dirige o Instituto Vladimir Herzog, participaram de debate sobre os 50 anos do golpe militar, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, nessa quarta-feira, 19. O evento faz parte de uma série de debates sobre o tema promovidos pela CBN em parceria com a Livraria da Travessa.

Zuenir e Vlado foram muito amigos, além de companheiros profissionais (Imagem: Agência Brasil)

“A ideologia do Vlado era o jornalismo. O maior absurdo da morte é que ele nunca fez militância, nunca colocava o veículo a serviço da política. Ele foi morto pelo que não fez”, disse Zuenir, que trabalhou com Vladimir na extinta revista Visão. Para o filho, Ivo, a maior luta da família é ver a história ser narrada corretamente. “Precisamos preservar a memória e contar para as próximas gerações. Enquanto esse episódio não for conhecido, não temos como avançar”, opinou.

Ao longo do debate, mediado pelo comentarista da emissora Kennedy Alencar, Zuenir falou sobre o trabalho da Comissão da Verdade. “Chegou tarde. Na Argentina, por exemplo, vemos torturadores sendo presos e aqui ainda estamos discutindo. Só o fato de mexer em uma amnésia crônica já é um grande avanço”. Na opinião de Ivo, os militares estão sendo “punidos moralmente”.

O filho de Herzog também falou sobre como a família recebeu a retificação no atestado de óbito do pai. Por decisões judiciais, a morte do jornalista passou a constar como causada por lesões e maus tratos, após ter sido torturado em dependência do 2º Exército-SP. Antes, o laudo necroscópico relatava “asfixia mecânica”. “Foram mais de 30 anos com um documento que diz que o indivíduo cometeu o ato de tirar a própria vida. Queremos ver nossa história sendo contada corretamente pelo Estado”.

Além dos debates, o CCBB também realiza, até 28 de abril, a exposição Resistir é Preciso, idealizada pelo Instituto Vladimir Herzog. Gratuita, a mostra dá destaque a luta de jornalistas, intelectuais e artistas pela democracia no país.

Fonte: COMUNIQUE-SE

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