Da Traição

Publicado por: redação
26/02/2013 04:05 AM
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Os Deuses trairam.

Zeus, filho de Cronos, casa-se com Hera, sua terceira esposa e a trai inúmeras vezes tendo vários filhos fora de seu casamento. Para conquistar outras deusas e mesmo mulheres mortais, usa dos mais estranhos ardis como, por exemplo, metamorfosear-se em o Cisne de Leda ou no Touro de Europa. Teve os filhos: Apolo e Atena com Demeter; Minos, as Musas e Helena, com Mnemosine, que como todas as suas amantes foi perseguida por sua ciumenta esposa Hera.

Percebemos por aí, que quando falamos em traição, não estamos falando de algo raro e incomum, mas sim do procedimento de homens, mulheres a até dos Deuses. Algo atávico a existência? Mais comum ao homem? Mais tolerável socialmente se for exercida pelo homem?

Afrodite (Vênus na mitologia romana), deusa da beleza, era casada com Hefestos - rei do fogo – que apesar de presenteá-la com as mais lindas jóias para que não o traísse, deixava-a com os regalos a mais bela das moças e desejável pelos outros deuses e homens. Assim, Vênus teve como amantes mortais: Anquizes com quem teve Eneias, e Adonis com quem teve Anteros .Como deuses, foram seus amantes inúmeros deles: Apolo com quem teve Himeneu ; Ares com quem teve Fobos, Deimos e Harmonia, além de ter Priapos com Dionísio. Podemos pensar que se fosse hoje, com o uso de anticoncepcionais, o número de amantes seria muito maior!

Foi uma das divindades mais veneradas pelos povos gregos e romanos. Suas festas eram chamadas de afrodisíacas desde Atenas até Corinto. Com o crescimento do poder patriarcal Vênus, apesar de não perder sua característica de sexualidade liberal, passou a ser considerada promíscua e superficial. Possuía o poder de provocar o amor nos corações humanos para depois destruí-los, sempre usando como sua principal arma a perfeição da beleza feminina. A mais famosa estátua de uma mulher, que se encontra hoje no Museu do Louvre é dedicada à ela.

Quando é que a traição feminina passou a ser considerada mais grave e sujeita a punições sociais? Sem dúvida, com o aparecimento das sociedades religiosas onde se procurava conservar a família a custa da preservação da fidelidade feminina.

No começo da humanidade não podemos falar em diferenças entre homens e mulheres. Os seres humanos viviam em hordas e só mais tarde em famílias e povos. Para sobreviver as intempéries e aos animais tinham que manter-se juntos. Quem se isolava, morria.

Quando começaram a existir as clãs, uma primeira tentativa de formação da família, foram atribuídos as mulheres os trabalhos junto ao fogo, as plantações e o cuidado com os filhos, enquanto ao homem foi atribuída a tarefa de obter alimentos. A mulher era até então, considerada “mágica”, pois além de fazer brotar a vida da terra, ela fazia vir ao mundo, novos seres, de seu próprio ventre.

Homens e mulheres eram nômades e viviam em harmonia. Conhecemos muito pouco desse período, mesmo porque os historiadores desconsideram a mulher na história da humanidade. Era então o reinado das “deusas”, que mesmo consideradas como tal, nunca foram detentoras do poder . Esse sempre foi atribuído ao homem.

Quando inventaram o arado e o ser humano se fixou em uma região, os homens começaram a perceber que eles eram capazes de fertilizar a terra e produzir alimentos. A mulher então deixou de ser mágica principalmente porque eles perceberam que eram absolutamente necessários para que elas gerassem vidas em seus ventres. Sozinha ela não era capaz de procriar.

Com a fixação e o cultivo da terra houve necessidade de força física para conduzir o arado mesmo quando tracionado por animais, o ser humano passou então a ser mais sedentário e daí nasceram as primeiras povoações, as primeiras cidades e os primeiros Estados. Não foi mais a dupla homem e mulher responsável pela manutenção da vida, mas a sociedade, a lei do mais poderoso, do mais forte.

Nas sociedades mais primitivas reinam ainda conceitos de força e agilidade dos machos que tentam impressionar fêmeas que querem se aliar aos mais bonitos e mais fortes para garantir uma prole cada vez mais saudável . Os machos então “cedem” a esse desejo e copulam com várias fêmeas. Até nos nossos mais antigos parentes, os chipanzés, se observa essa conduta na seleção dos elementos de um grupo.

O macho mais forte expulsa os mais fracos e se torna único com várias fêmeas para disseminar suas sementes. Hoje em dia, além de desnecessária, esta poligamia só existe oficialmente em países Islâmicos, e com certeza não obedece a nenhum preceito de perpetuação . O excesso da produção cria os mais poderosos, e daí o homem, sabendo-se detentor do poder da criação, passa a explorar a mulher como produtora de mão de obra e de soldados para a guerra.

É a dominação do homem!

Rubens Paulo Gonçalves, Médico pela PUC do Paraná,Ginecologista e Obstetra pela Febrasgo, com residência no Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da USP, Dr. Rubens Paulo Gonçalves, mora em São Paulo e trabalha desde 1971 no Hospital Albert Einstein, na Pro Matre e no Hospital São Luiz, além de dirigir o Centro Ginecológico e Obstétrico Paulista. Também, é autor de três livros com temática médica: Gravidez para Grávidas, Desafio da Menopausa e Envelhecer Bem e escreve atualmente para seu site: www.rubenspaulogoncalves.com.br

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