O governo enxugando gelo!

Publicado por: redação
03/07/2012 03:04 AM
Exibições: 32

Por Marçal Rogério Rizzo: Economista e Professor da UFMS de Três Lagoas-MS.

Não quero ser o cavaleiro do apocalipse, no entanto, ao avesso do que se pensa, nossa economia dá sinais alarmantes. Não almejo viver os maus tempos já vividos na economia, porém, só por comparação de níveis de crescimento com outros países emergentes, já deveríamos ver que algo está errado.

Ironia do destino, a “marolinha” de que o Ex-Presidente Lula zombou pode ganhar vulto e tornar-se um tsunami, ou então ser remediada como vem sendo: para manobra eleitoral destinada a eleger prefeitos e vereadores. Atacar a raiz do mal da economia seria o essencial.

Lendo os dados macroeconômicos e opiniões de economistas renomados, chegamos a questionar: Qual é o repertório de que dispõe o Ministro Mantega no momento? Será esse samba de uma nota só? A tese que vem seguindo é baixar impostos de setores que, segundo o governo, apresentam forte peso no PIB industrial e empregos gerados. Dessa forma, acredita-se que as pessoas possam trocar seus carros, esvaziar os pátios das fábricas, consumir combustíveis, pneus, peças e acessórios que apresentam alta carga tributária e retorno para o governo. Essa é a roda que persistem em girar, mas até quando isso dará certo?

Cabe lembrar que o mercado de automóveis tem um efeito psicológico importante, pois carro novo na garagem e nas ruas cria a sensação de que parte do sonho material vem sendo realizado. Eleitoralmente cai bem, porém qual será o custo e a capacidade de pagamento desse sonho?

A manchete de O Estado de São Paulo (27-05-2012) aponta que: “Mais de 14 milhões de famílias no País estão superendividadas”. Dessas famílias, 5,8 milhões são pertencentes à classe C e 6,6 milhões, às classes D e E. Esses dados equivalem a quase um quarto de todas as famílias brasileiras. Elas se endividaram mais do que sua capacidade e ficaram inadimplentes. Na verdade, essas famílias comprometeram mais de 30% da renda mensal. O limite saudável de endividamento não deveria superar 30% da renda, pois existem as demais despesas, como alimentação, moradia, vestuário, entre outras.

O governo brasileiro vem inflando a bolha de consumo de bens duráveis, porém ela pode estourar, pois possui um limite de saturação. Baixar juros e facilitar o crédito tem como consequência o endividamento excessivo e, claro, uma possível inadimplência crescente, que não será boa pra ninguém. O próprio jornal O Estado de São Paulo (26-05-2012, p. B4) – Caderno de Economia – já ilustrou em suas páginas: “Crédito para veículos tem novo recorde de inadimplência”.

No momento, vemos uma guerra travada entre governo e bancos para baixar juros. O que nos resta saber é até onde teremos demanda sustentada para aguentar mover o consumo. Em economia, não há almoço grátis; alguém pagará a conta! Agora resta saber quem será... Certamente o povo!

Presidente Dilma e Ministro Mantega, vamos parar de enxugar gelo e ir à raiz do problema. Um bom começo seriam as reformas fiscal e tributária, além de exterminar parte da corrupção.

Vídeos da notícia

Imagens da notícia

Categorias:
Tags: